Mesmo com investimentos em adutoras, perfuração de poços e a chegada da tão aguardada transposição do Rio São Francisco, 67 municípios potiguares ainda dependem da Operação Carro-Pipa para garantir o abastecimento de água potável a cerca de 79 mil pessoas. A informação é da Defesa Civil Estadual.
O cenário reflete a dura realidade da estiagem no estado, agravada por reservatórios operando com apenas 48% da capacidade, segundo o Igarn. A situação mais crítica é no Seridó, onde a média hídrica é de apenas 17%, com açudes como Passagem das Traíras (0,03%), Itans (0,43%) e Mundo Novo (2,39%) praticamente secos.
Como alento, a partir de 1º de agosto, a Barragem de Oiticica, no Seridó, começará a receber água da transposição do Rio São Francisco. O volume de três metros cúbicos por segundo será repassado gratuitamente ao RN por três anos. A barragem, que teve investimento de R$ 893 milhões, poderá beneficiar até 2 milhões de pessoas.
Paralelamente, o governo executa obras como o Projeto Seridó Norte (R$ 300 milhões) e a Adutora do Agreste (R$ 468 milhões nas duas primeiras etapas), que devem beneficiar mais de 500 mil pessoas em diversas regiões. Ainda assim, os avanços são lentos: dos 1.289 km de adutoras planejados, apenas 159 km foram entregues até agora.
Para mitigar os impactos imediatos, o Estado também aposta na perfuração de 500 poços até 2026 e no uso de dessalinizadores para atender áreas com água subterrânea salinizada.
Enquanto as soluções estruturantes avançam, mesmo que em ritmo desigual, os 212 carros-pipa contratados continuam sendo a única alternativa para milhares de famílias potiguares enfrentarem a seca — um drama que se repete ano após ano.
